Jardim interno: um oásis particular
Espécie de oásis particular, o jardim interno pede revestimento capaz de resistir às intempéries e fica ainda mais convidativo com um material que se sobressaia na presença de muita claridade, além de fazer par com a vegetação

Recurso valioso sempre que se deseja incluir iluminação natural, ventilação extra e a presença luxuosa da natureza no coração do projeto de arquitetura, o jardim interno pode assumir diferentes configurações.
Se originalmente esse elemento surgiu nas moradias europeias do século XIX como um tipo de estufa anexada à residência e própria para o cultivo de espécies ornamentais durante as baixas temperaturas – daí chamar-se jardim de inverno –, muito mudou com o tempo. Mas não o principal: a ideia de envidraçar pátios ou partes da edificação a fim de criar as condições necessárias ao plantio de flores e folhagens dento ou perto de casa – e ao alcance dos olhos, para o máximo deleite.

Implantado junto a determinado ambiente interno, o jardim – ainda que pequeno – franqueia claridade extra, melhor circulação de ar e frescor, incrementando o espaço contíguo. É assim que sala, banheiro, hall, terraço, além de corredor, escada e demais áreas de circulação tornaram-se pares preferenciais desse elemento. Num país quente como o nosso, o conceito se provou especialmente eficiente para promover o conforto térmico nas edificações. Além de reforçar o contato dos moradores com a natureza, medida valiosa sobretudo nos grandes centros urbanos.
A estética do jardim interno também ganhou colorido próprio no Brasil com a tradição moderna. Surgido pelas mãos do internacionalmente conhecido Roberto Burle Marx (1909-1994), – responsável por introduzir espécies nativas brasileiras em seus projetos -, o paisagismo modernista, feito com plantas tropicais, conquistou o mundo. Além dos seus típicos telhados verdes, jardins aquáticos com painéis coloridos e canteiros sinuosos, ele também apreciava os recantos orgânicos e espaços ajardinados contemplativos – ponto para os jardins internos dotados de vegetação exuberante e azulejaria ou cerâmica decorativa na parede.

Mais recentemente, na vida contemporânea – de aquecimento global, urbanização crescente e realidade virtual -, o jardim interno não saiu de cena, ao contrário, tornou-se um bálsamo para propostas residenciais de diferentes portes e tipos. Em tempos de metragens exíguas e verticalização dos imóveis, desponta como uma excelente opção para quem não tem quintal ou área externa ampla, mas deseja criar um cantinho de verde em casa. E aí reside um primeiro ponto de atenção: a presença de terra (do chão ou de vasos) e água (da chuva ou da torneira) para as regas, assim como a incidência solar, determinam a escolha do melhor acabamento.
“Um vão com abertura zenital (no teto) e laterais transparentes, dotado por vezes de pé-direito aumentado e plantas altas, reforça a verticalidade no projeto”, sugere o arquiteto Jorge Pessoa de Carvalho, do escritório paulistano Pessoa Arquitetura, que dá ainda outra dica: “diante da inevitável presença de água no jardim interno, prefiro eleger para o piso algum material com resistência ao escorregamento – melhor ainda se propiciar continuidade visual com o revestimento especificado para o ambiente próximo”.

É importante privilegiar acabamentos resistentes também ao sol – como em qualquer outra área externa. Pisos com apelo rústico, textura pronunciada e ênfase no visual orgânico se destacam. Na parede, valem as mesmas indicações, além de mosaicos, painéis de azulejo, ladrilhos hidráulicos e revestimentos decorativos variados, desde que resistentes às intempéries.

“Pode-se investir numa cor que contraste com o verde das plantas, caso dos alaranjados, ou apostar em algo mais neutro, alinhado com o restante do projeto”, recomenda o arquiteto Jorge Pessoa de Carvalho. “O uso de um revestimento com poucas juntas é uma maneira de estabelecer amplitude visual, mas peças esmaltadas e rústicas, dessas que exigem rejunte maior, também podem desenhar uma retícula interessante”, orienta.

E, já que a proposta é criar um ponto de atração na casa, duas outras sugestões do arquiteto podem auxiliar: definir a principal vista do jardim interno para compor nesse fundo um belo painel decorativo detrás das plantas e caprichar na iluminação artificial, capaz de realçar durante a noite não só a vegetação como o revestimento escolhido.
