Arte, artesanato e inspiração em dois tours por Tiradentes
Na 7ª edição da Semana Criativa de Tiradentes, Decortiles, patrocinadora do festival, proporcionou momentos de imersão, conhecimento e inspiração em dois dos 4 dias de evento – 20 e 21 de outubro.

A ação promovida pela marca levou participantes da SCT em uma visita guiada por dois ateliês tradicionais da cidade.
Estúdio Trindade
É Wagner Trindade, mas pode chamar de Waguinho que ele atende. Ou até Waguinho do Muchacho, porque herdou do pai o apelido e também o ofício das luminárias. Com o tempo, Waguinho descobriu que precisava ir além: foi aí que se aventurou no mobiliário, no ferro, no latão, e daí não saiu mais. Atualmente está experimentando ir além com peças assinadas e parcerias com grandes nomes do design.

Hoje ele é uma das principais atrações na Semana Criativa de Tiradentes e, com experiência e privilégio de artesão que está rompendo os padrões, ajuda a propagar a importância do trabalho artesanal. “Eu trabalho naquilo que eu amo. Eu acho que eu não saberia fazer outra coisa na vida a não ser isso aqui”.
É artesão, mas também é showman. Bom de papo, recebeu o grupo com um cafezinho e doces mineiros. Waguinho é cativante ao recepcionar, ao contar a própria história, ao demonstrar o ofício. “Eu sou apaixonado pelo que faço”, ele fala, emocionado, enquanto emociona a quem assiste.
O que começou aos 7 anos cresceu, expandiu e já está na terceira geração. De pai para filho e, agora, para neto. Luís Miguel, de 12 anos, está herdando a profissão do pai e, certamente, já herdou a oratória e o carisma – elementos fundamentais para manter vivo o legado de artesão.

O tour pelo ateliê de Waguinho foi guiado pelo designer de produto Estevão Toledo.
Conheça mais no perfil @estudiotrindade.
Ferraria do Nonato
Bichinho é o nome de um vilarejo charmoso nos arredores da cidade de Tiradentes, em Minas Gerais. É celeiro de nomes reconhecidos no fazer manual, entre eles, Nonato. Raimundo Nonato herdou do pai a profissão e a tradição de moldar o ferro. Conhecido como Zinho, um dia precisou restaurar uma fechadura. Pegou gosto pela coisa e não parou mais, tanto é que passou para o filho sem nem notar.

Nonato tem 43 anos e diz que trabalha há exatos 43 anos, porque ouvia o barulho da oficina desde a barriga da mãe. No início, eram as arcais – jogos de dobradiças –, hoje são fechaduras, cadeados, chaves, trincos. Foi onde ele se encontrou. É o que mais gosta de fazer hoje em dia – pelo toque artesanal. “Porque o ferro é gratificante e porque o artesanato é fonte inesgotável de criatividade. Artesanato é isso; as peças vão se transformando e as ideias vão surgindo”.
A entrega é tanta que ele maneja as peças quase tocando o fogo, mas já não sente o calor nas mãos de tão acostumado ao ofício. O braço direito é visivelmente maior e mais forte que o esquerdo, pelos anos de impacto e esforço. E é ao som de música clássica que ele bate o martelo no ferro. Um som estridente, forte e seco, que se mistura aos acordes suaves. “Eu gosto de música clássica porque é leve, agradável. Acalma os ouvidos”.

A profissão de ferreiro está acabando, mas não para Nonato, não em Tiradentes. O filho de 20 anos já segue os passos do pai para manter viva a tradição de moldar o ferro no fogo. “E ele é mais alto e mais forte que eu”, se orgulha.
O tour pelo ateliê de Nonato foi guiado pela arquiteta Pamela Caszely.
Conheça mais no perfil @ferrariadononato.
Conheça os guias dos tours em Tiradentes
Estevão Toledo é designer de produto e está na curadoria dos maiores destaques de designers de mobiliário da atualidade. Desenvolve mobiliário de design contemporâneo e marcenaria artesanal, utilizando a madeira como matéria-prima principal, sem deixar de usar, ainda, o metal e o vidro, tanto na movelaria quanto na criação de objetos personalizados. Desde 2022 está à frente do próprio espaço – Estevão Toledo Design Studio.
Pamela Caszely é arquiteta e publicitária. Titular da Casz Arquitetura, cria projetos com estrutura e personalidade, memórias e o desejo dos usuários, trazendo o olhar humano e suas relações com as pessoas e o entorno. Cria de maneira verdadeira fluxos e permanências, espaços cheios e vazios, a fim de oferecer sistemas de convivência que possibilitem o bem-estar, gerando um impacto positivo e sustentável na vida das pessoas.